Sobre a
questão da arte bizantina
A arte
bizantina é muito divulgada através dos ícones, que seguem um cânone, legado
por uma tradição que foi gestada no meio popular da época bizantina
associando-se com a espiritualidade monástica. È natural do ser humano se
encantar co o belo e considerar a beleza como um dos atributos do divino. A
arte dos ícones é a busca desta beleza, de uma beleza não temporal, isto é, não
cronológica, mas sim de uma beleza que se inspira no kairós, καιρός, isto é, no tempo oportuno,
que é o tempo oferecido por Deus.
O termo
bizantino possui uma extensão muito ampla, portanto não oferece por si mesmo,
um único sentido limitado. Por bizantino se pode entender a arte realizada na
época pouco posterior ao período paleocristão, durante o império romano, tanto
no ocidente, como nas catacumbas romanas, quanto na Ásia, Síria, Grécia, Egito,
Capadócia, se pode entender também como
o império romano do oriente, que se cediou na cidade de Bizâncio chamada por Constantinopla,
também se pode entender a liturgia oriental e as igrejas que seguem a liturgia
oriental, que englobam as ortodoxas e as chamadas de uniatas.
A
inspiração que a época bizantina motiva até os dias de hoje é a legada pelos
padres do deserto, como Evágrio Pontico, Santo Antão, Santo Antonio do Egito,
entre muitos outros, que inspiraram a vida monástica de São Bento no ocidente.
O Egito foi uma das primeiras terras onde a vida monástica se estabeleceu como
uma reação ao martírio e como um assumir mais profundo de uma morte das coisas
do mundo para uma vida em Deus.
Os
ensinamentos de Evagrio Pontico são de grande atualidade e embasaram os
ensinamentos da teoria do Eneagrama, um estudo muito aplicado em empresas para
exames vocacionais e utilizados por psicólogos nos dias de hoje.
Na
teologia o período bizantino foi muito fértil como exemplificam os primeiros sete concílios
entre eles o importante concílio de Éfeso de 431, onde se declarou o título de Teotokos à Maria, Nossa Senhora, (em grego: Θετοτόκος "Mãe de Deus" e o importante
concílio de Nicéia de 787 que sancionou a liberdade de representação da face de
Jesus e de seus santos, provando que toda discussão posterior a respeito
das imagens é uma discussão que parte de
homens que estão ainda necessitados de estudos teológicos mais sólidos, afinal
o caminho da luz também é exigente.
A
liturgia bizantina foi considerada a mais bela pelos emissários do czar russo e
foi adotada oficialmente na Rússia.
Enfim
aqui cabe dizer a respeito da arte bizantina, a arte dos ícones, ao contrário
do gótico, do românico, do barroco, todas morreram, mas a arte dos ícones
jamais morreu. O ícone recebe influências da arte renascentista e neoclássica,
mas não se perdeu o caráter da técnica e de sua funcionalidade e certas regras
seguidas pela tradição foram mantidas.
Pela
antiguidade da técnica e pela preocupação que os iconógrafos, ( iconógrafo, εικονογράφος,
quem escreve o ícone), tiveram pela fidelidade aos modelos mais antigos, pela
busca de uma transparência com a teologia, o ícone se coloca, justamente por
sua antiguidade, como uma arte renovadora de nosso tempo atual, o que
justamente parece velho é o que renova, o que significa, na verdade, uma eterna
juventude do ícone, esta eterna juventude afronta aos simples modismos
condicionados pela ordem cronológica que está fadada à sua auto destruição,
para anunciar um tempo em que a Verdade, o Belo possam ser próximos do Eterno.
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